Aposentando as senhas em cinco anos
Sempre é bom lembrar que a senha do computador, inventada por Fernando Corbato na década de 1960, já tem mais de 50 anos. Muitas outras maneiras de autenticar a identidade do consumidor foram desenvolvidas desde então e, segundo um estudo da Euromonitor, em 2016 foram realizadas 52 trilhões de autenticações. Entretanto, os métodos tradicionais de autenticação – senha, sobrenome de solteira da mãe e outros tipos de autenticação baseadas em conhecimento – já deixaram até o mais paciente dos consumidores frustrado ao perceber que esqueceu a senha ou que ela foi roubada, ou ao ter de digitá-la em teclados minúsculos. Vale ressaltar, existem maneiras mais seguras de verificar quem uma pessoa é.
É hora de mudar
Acreditamos que a indústria de pagamento pode aposentar as senhas nos próximos cinco anos. Graças aos avanços nas tecnologias de autenticação e combate à fraude, o uso de métodos estáticos de verificação da identidade do portador do cartão (CVV) – como assinatura e senha – estão se tornando opcionais para os estabelecimentos comerciais e emissores em alguns ambientes. Hoje, as instituições financeiras e estabelecimentos comerciais conseguem compartilhar uma quantidade de dados dez vezes maior entre si. Esses dados são usados para tomar decisões baseadas em risco para autenticar a identidade dos compradores, não importando o tipo de dispositivo ou aplicativo usado – na maioria das vezes, o consumidor não precisa fazer nada. Além disso, a crescente sofisticação da inteligência artificial está fazendo com que as fraudes sejam detectadas com mais rapidez e precisão, abrindo novas possibilidades para novos produtos e serviços, uma vez que o consumidor confia na segurança dos pagamentos.
Com a evolução e o aumento da segurança do ecossistema e a contínua implantação de tecnologias que utilizam inteligência artificial e biometria, visualizamos um futuro em que será possível reduzir ou eliminar o uso de métodos de verificação legados.
A biometria é uma estratégia de autenticação que tem tudo a ver com um sistema de pagamento moderno – um sistema em que o volume de transações presenciais diminui, enquanto o de transações digitais aumenta. A autenticação biométrica consegue entregar uma experiência de pagamento sem atrito aos portadores de cartões, enquanto os estabelecimentos comerciais, emissores e credenciadores dispõem de segurança de autenticação e gestão de identidade avançadas para prevenir fraudes.
Uma pesquisa encomendada pela Visa, em 2017, mostrou que os consumidores brasileiros estão abertos ao uso de biometria em opções mais rápidas, mais fáceis de usar e mais seguras do que a senha. A cada 10 consumidores entrevistados, 9 estão familiarizados com a biometria. Os brasileiros têm uma forte percepção de que a biometria é mais rápida (85%) e mais fácil de utilizar (89%) do que senhas. A maioria dos consumidores já fez uso do reconhecimento de suas impressões digitais, com 6 em cada 10 pessoas usando-a regularmente. Além disso, quase a metade dos pesquisados (48%) já percebe que a biometria é mais segura do que as senhas. E 46% acreditam que usar biometria pode ajudar a eliminar a necessidade de se lembrar de várias senhas.
Pensando nos indivíduos que se preocupam com a segurança, os fabricantes de dispositivos móveis trabalharam para tranquilizá-los com relação ao roubo de informações biométricas. A solução encontrada foi armazenar e criptografar modelos biométricos – ou seja, representações algorítmicas em vez dos verdadeiros atributos biométricos – nos próprios dispositivos do consumidor, e não na nuvem. Com isso, ele está sempre de posse de seus dados biométricos pessoais e tem a opção de apagá-los a qualquer momento. Além disso, a precisão da autenticação é reforçada pela tecnologia de “detecção de vida”, usada nos leitores biométricos e softwares, capaz de identificar se uma impressão digital é uma cópia ou dedo de verdade ou se rosto usado na autenticação é real ou uma máscara.
Os sensores de impressão digital começaram a ser integrados nos smartphones há cerca de seis anos e, nesse curto espaço de tempo, os consumidores ficaram bem à vontade com a tecnologia. A necessidade de uma autenticação rápida e fácil só aumentará com a multiplicação dos produtos e serviços digitais, uma vez que será inviável para o consumidor memorizar uma senha diferente para cada dispositivo conectado à Internet ou aplicativo. Substituir as senhas usadas nesses produtos e serviços por algum tipo de autenticação biométrica não só é essencial, como efetivamente possível hoje.
Abaixo listo algumas dicas de segurança básicas para o gerenciamento de credenciais de acesso. E, com elas, acredito que estará mais seguro e evitará dores de cabeça. Vale ao menos testar.
- Adote a autenticação biométrica, se disponível
- Ative os alertas ou notificações
- Use um gerenciador de senhas para criar senhas complexas
Reproduzir dados biométricos é muito mais difícil. Além disso, os criminosos precisariam ter o trabalho de roubar o dispositivo fisicamente para cometer a fraude de pagamento. Muitos dispositivos móveis e aplicativos oferecem ao usuário a opção de verificar sua identidade ou fazer uma compra usando biometria.
Nenhuma solução é 100% infalível e os alertas são uma boa proteção, caso suas credenciais de acesso sejam comprometidas. Você será notificado quando sua conta for acessada com um novo dispositivo, ainda que as credenciais usadas sejam legítimas.
Se não for possível adotar a biometria, use uma solução de gerenciamento de senhas de um provedor bem conceituado para armazenar as senhas de suas contas online. Alguns gerenciadores de senha também ajudam a gerar senhas fortes e complexas, para que você não precise ficar quebrando a cabeça.
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