Eu tinha chegado a essa conclusão por minha própria conta e então fui buscar literatura sobre o assunto. Dito e feito! Pesquisadoras da Universidade de Harvard* fizeram um estudo incluindo mais de 30.000 entrevistas com homens e mulheres de 24 países em um período de 10 anos, entre 2002 e 2012, e as conclusões são definitivas: Mulheres filhas de mães que trabalharam fora têm mais chances de trabalhar fora também e ter uma função de supervisão; elas também tendem a ganhar mais que as filhas de mulheres que nunca trabalharam fora. Nos Estados Unidos, 23% a mais! Por outro lado, os homens de mães que trabalharam fora tendem a dedicar mais horas à família, e contribuir mais com os trabalhos da casa.
Esses números são liberadores para as mulheres: indicam que ser uma mãe que trabalha fora também te faz uma melhor mãe para seus filhos, lhes dá mais independência e liberdade. Eu sempre digo nas minhas palestras que esse é um tema que temos que abordar abertamente com os filhos e também com os maridos, ou, ainda melhor, com os candidatos a maridos. É impressionante quanta gente casa sem nunca ter conversado sobre suas aspirações profissionais em relação ao contexto familiar, e depois se veem reféns do viés social dentro da sua própria casa.
E falando de ser reféns de nossas próprias escolhas, outra tendência que vejo que na América Latina em geral, e o Brasil não é exceção, é o incrível viés cultural que criamos nos nossos filhos desde pequenos, e esse viés volta em forma de preconceitos no mundo do trabalho. Deixa eu me explicar melhor. Se você tem alguém ajudando a limpar sua casa, a chance que esse empregado seja uma mulher é quase de 100%. Se você tem um filho e uma filha, muito provavelmente você pede a sua filha a ajudar com o jantar e a seu filho para ajudar com o computador, ou com o carro. Da mesma forma que no ambiente de trabalho é normal que as secretárias sejam mulheres, e que a mulher da sala seja a que toma as notas da reunião. E pouco a pouco vamos criando uma “divisão natural” de trabalho.
Acho que nesse dia internacional da mulher, vale a pena refletir sobre essas duas realidades: a vantagem das mães que trabalham fora na educação dos seus filhos, e o viés inconsciente que criamos no ambiente familiar.
Também vale a pena refletir sobre onde você está trabalhando hoje: essa empresa tem uma cultura de respeito à mulher? Valoriza a diversidade em geral? Compartilha dos valores que você tem como pessoa? Na Visa, sinto que as respostas a essas perguntas são muito positivas. Existe um desejo em geral de fazer coisas de impacto na vida das pessoas, como o programa de Causas Visa que temos no Brasil. Existe um desejo de inclusão e diversidade, um ambiente de segurança para pensar diferente e expressar outros pontos de vista, e um questionamento de que mais podemos fazer para nivelar as participações dentro da nossa organização, para criar oportunidades mais significativas para as mulheres. Pessoalmente, tenho muito orgulho em trabalhar em uma empresa que foi reconhecida como uma das melhores empregadoras de mulheres nos EUA, segundo o Women’s Choice Award. E como diria a plaquinha numa sala do escritório de NY parafraseando o famoso livro: Homens são de Marte, Mulheres são da Visa.
*https://www.nytimes.com/2015/05/17/upshot/mounting-evidence-of-some-advantages-for-children-of-working-mothers.html
https://www.hbs.edu/news/articles/Pages/mcginn-working-mom.asp