Pautas sobre gênero, raça e pessoas com deficiência, por exemplo, devem fazer parte da nossa rotina com mais frequência – e da agenda das organizações. Temos o desafio de entrar mais a fundo no debate, propor ações afirmativas e educacionais, questionar e flexibilizar regras dos processos seletivos vigentes nas grandes empresas e, acima de tudo, entender a origem da nossa cultura.
Como parte da transformação nos processos seletivos, um bom primeiro passo é começar questionando a lista de exigências e pré-requisitos mínimos para as vagas ou posições. É muito comum ver multinacionais exigindo fluência em vários idiomas, lista de cursos e necessidade de intercâmbio por uma mera questão cultural, mesmo em posições que, muitas vezes, não requerem essas competências no dia a dia.
Um outro ponto importante no combate ao racismo, machismo e à homofobia é a conscientização, pelo líder, do seu papel como protagonista desse movimento. A liderança deve não só assumir a dianteira no combate à opressão e ao preconceito mas principalmente fomentar a inclusão, através de ações afirmativas em seus times, com diálogos abertos e respeitosos. Sua postura servirá de exemplo para o restante da equipe -- e esse é um dos principais motores da promoção de uma cultura verdadeiramente plural.
Muitas vezes, cometemos ou permitimos alguns deslizes de postura e comportamento por desconhecimento. Somos preconceituosos sem saber que estamos sendo. Mas o impacto de uma piadinha de mau gosto no corredor não pode ser ignorado. Por isso, a existência de comitês internos de inclusão e diversidade, que são responsáveis por discutir e educar os funcionários, é essencial para a transformação do ambiente de trabalho.
Na Visa, nosso comitê de inclusão & diversidade tem participação ativa com iniciativas que fomentam temas educacionais na organização. A frente de Pride, por exemplo, que trata dos temas da comunidade LGBTQ+, desenvolveu neste ano um projeto super inovador para comemorar o Mês do Orgulho LGBTQ+: o Pride Everywhere, um evento global que deu a volta ao mundo nos principais dos 200 escritórios da Visa, homenageando a comunidade com conteúdos educacionais focados na interseccionalidade. Foram 24 horas de programação on-line, com sessões que debateram temas importantes e tiveram a participação especial de diversos convidados externos “de peso”, além de mensagens dos principais executivos da companhia, reafirmando o apoio da organização para cada um ser quem é.
Painéis sobre a importância da comunidade LGBTQ+ no combate ao racismo, uma aula sobre o que é a interseccionalidade e um short documentário sobre a cena do Vogue foram algumas das atrações lideradas pelo time do Brasil e apresentadas para os mais de 25 mil colaboradores da Visa em todo o mundo.
Costumo dizer que, hoje em dia, as empresas precisam ter soluções, produtos e serviços cada vez mais plurais se quiserem satisfazer a demanda de clientes cada vez mais diversos. É uma nova dinâmica de mercado. Apesar de termos um caminho longo pela frente, vejo um considerável avanço nos últimos anos graças a iniciativas de algumas empresas que estão puxando esse movimento. Para finalizar, deixo uma provocação: e você? Está contribuindo para esse movimento no dia a dia de sua empresa?