Lições de Chimamanda Adichie sobre sonhar e escrever: por que a literatura importa?

Assisti à conferência da Chimamanda Ngozi Adichie, uma das vozes mais influentes da literatura e do pensamento contemporâneo. Escritora nigeriana, autora de romances premiados como “Americanah”, “Meio Sol Amarelo” e “Hibisco Roxo”, ela também se destacou mundialmente por suas palestras e ensaios sobre feminismo, identidade, raça e o perigo das narrativas únicas.

Com uma linguagem acessível e profunda, Chimamanda nos convida a repensar o modo como olhamos para o mundo e para nós mesmos. Ao ouvir suas falas e ler seus textos, encontrei não apenas histórias que ampliaram meu olhar sobre pertencimento, silenciamentos e construção de identidade, mas também provocações sobre o papel que ocupamos no coletivo.

Entre risos, reflexões e silêncios férteis, ela nos lembrou que escrever, sonhar e existir com verdade é mais do que um propósito: é um modo de estar no mundo. 

Chimamanda fala de literatura como quem fala da alma. Escrever, para ela, é sobre ser você. Não há personagem, trama ou discurso que sustente uma escrita vazia de identidade. E foi nesse ponto que me dei conta do quanto nossa identidade atravessa absolutamente tudo. Das conversas de mesa ao poder institucional, da segurança pública ao direito de sonhar.

Ela também nos lembra como a linguagem molda a forma como vemos o mundo. Mulheres poderosas são chamadas de arrogantes; homens assertivos raramente são chamados de tóxicos. E ainda assim, palavras como “tóxica” e “assertiva” estão na boca de todos, talvez mais do que deveriam. Estamos rotulando demais e escutando de menos.

Outro ponto marcante foi quando ela falou sobre melancolia e diversão. Há beleza na melancolia, disse ela. Porque onde há melancolia, ainda há acesso à alegria. É nessa dualidade que a escrita vive: entre o riso e o lamento, entre o silêncio e o grito. Ela mesma valoriza o silêncio - os espaços em branco onde a criatividade germina.

Também ouvi dela algo simples, mas poderoso: homens deveriam ler mais mulheres. Mulheres deveriam ler mais homens. Porque é na troca de perspectivas que nasce o entendimento. E, talvez, um pouco mais de empatia.

Chimamanda sonha em ter saúde, fazer exercícios e criar seus filhos. Sonha em escrever os livrões que ela quer escrever - aqueles que não seguem planos, não obedecem a direções, que não servem a propagandas nem moldam personagens a partir do que é socialmente aceitável. Histórias que nascem do common ground (expressão em inglês que significa “consenso”), aquele chão comum e sincero onde somos apenas humanos tentando nos entender.

E ali, no fim, entre palavras como worried e scared (em português, “preocupada” e “com medo”), ela nos deu um aviso: o medo e a preocupação excessivos nos afastam de quem realmente somos. A escrita - e a literatura - são formas de voltar para casa.

E é por isso que a literatura importa.

 

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